segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Prece aos Inkices

PRECE AOS INKICES



(Orixás)


Google imagem, Orixás
Que a irreverência e o desprendimento de Oluvaiá me animem a não encarar as coisas de forma como elas parecem ser à primeira vista e sim que eu aprenda que tudo na vida, por pior que seja, terá sempre o seu lado bem e proveitoso.
Que a tenacidade de Nkosi me inspire a viver com determinação, sem que eu me intimide com pedras, espinhos e trevas. Que sua espada e sua lança desobstruam meu caminho e seu escudo me defenda.
Que o labor de Burungunzo me estimule a conquistar sucesso à fartura à custa de meu próprio esforço. Que suas flechas caiam à minha frente, às minhas costas, á minha direita e a minha esquerda, cercando-me para que nenhum mal me aflija.
Que as folhas de Katendê forneçam o bálsamo revitalizante que instaure minhas energias, mantendo minha mente e corpo são.
Que Dandalunda me de serenidade para agir de forma consciente e equilibrada. Tal como suas águas – que seguem desbravadoras no curso do rio, entrecortando pedras e se precipitando numa cachoeira, sem parar nem ter como voltar atrás, apenas seguindo para encontrar o mar – assim seja, que eu possa lutar por um objetivo sem arrependimento.
Que os raios de Matamba iluminem meu caminho e o turbilhão de seus ventos leve para longe aqueles que de mim se aproximam com o intuito de se aproveitarem de minhas fraquezas.
Que a pedreiras de Nzazi sejam a consolidação da Lei Divina em meu coração. Que seu machado pese sobre minha cabeça agindo na consciência e sua balança me inspire o bom senso.
Que as ondas de Mikaiá me descarreguem levando para as profundezas do mar sagrado as aflições do dia a dia, dando-me a oportunidade de sepultar definitivamente aquilo que me causa dor e que seu seio materno me acolha e me console.
Que as cabaças de Sambuê tragam não a cura de minhas mazelas corporais, como também ajudem meu espírito a se despojar das vicissitudes.
Que o arco-íris de Angolô transporte para o infinito minhas orações, sonhos e anseios e que me traga as respostas divinas, de acordo com o meu merecimento.
Que Zambarandá a senhora da renovação da vida, mãe de toda criação. Dê-me a calma necessária para aguardar com paciência o momento certo para tomar minhas decisões.
Que a vitalidade de Vunji me estimule a enfrentar os dissabores como aprendizado, que eu não perca a pureza mesmo que, ao meu redor, a tentação queira me envolver. Que a inocência não signifique fraqueza, mas sim refinamento moral.
Que a paz de Lembá renove minhas esperanças de que, depois de erros e acertos, tristezas e alegrias, derrotas e vitórias, chegarei ai meu objetivo mais nobre, ao pé de Zambi Maior.

Acreditar!



SE VERDADEIRAMENTE ACREDITAS NAS FORÇAS EMANADAS DOS ORIXÁS, VÁ À LUTA QUE TUDO CONSEGUIRÁS NA MEDIDA EXATA DOS TEUS MERECIMENTOS, DA TUA HUMILDADE, DO TAMANHO DO AMOR QUE DEDICAS AO PRÓXIMO E DE TUA CAPACIDADE DE NÃO GUARDAR RANCOR E DE PERDOAR QUANDO FOR POSSÍVEL. CASO CONTRÁRIO, MELHOR DEIXAR O CANDOMBLÉ.


(Babalorixá Júlio Braga)





Mãe Cecília de Araraquara//Babalorixa Júlio Braga.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

O Candomblé no Brasil (Informação)

O Candomblé no Brasil

Nas religiões de matrizes africanas, no Candomblé especialmente, a transmissão do conhecimento religioso ocorre através da oralidade, embora nos dias atuais exista uma vasta produção escrita por membros integrantes da academia. O Candomblé no Brasil surgiu através da diáspora negra, ou seja, com tráfico de escravos negros oriundos de diversas cidades Africanas. O candomblé como conhecemos hoje no Brasil não existe em outros países, pois devido a união de diversos escravos de diferentes regiões numa mesma senzala criou-se miscigenação de fundamentos dando origem ao nosso Candomblé. No Brasil uma roça de candomblé cultua vários orixás. Na África cada região cultua um determinado orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o “culto dos orixás” de Candomblé. Eles não queriam, com isso, serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.

O culto aos orixás teve origem na África e foi trazida para o Brasil pelos negros iorubas. Seus deuses são os Orixás, apenas alguns são cultuados no nosso país: Essú, Ògun, Osossì, Osanyin, Obalúaye, Òsúmàré, Nàná Buruku, Sàngó, Oya, Oba, Ewa, Osun, Yemanjá, Logun Ede, Oságuian e Osàlufan. Hoje, A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de “Candonbé”, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de “Candonbidé”, que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa”. A palavra Candomblé define, no Brasil, o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou seja: “Uma Cultura Africana em Solo Brasileiro”. A palavra Candomblé também é usada para definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme alguns exemplos seguir:

• Candomblé da Nação Ketu

• Candomblé da Nação Jeje

• Candomblé da Nação Angola

Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokutá, Ijexá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu. Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu.
   
A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos Mahin.
Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo.

O candomblé na África é totalmente patriarcal. No Brasil esta religião tornou-se matriarcal com várias mães de santo na frente do conhecimento. Foram através do pulso forte destas mães que se constituiu o candomblé brasileiro, preservando tradições africanas. A história mostra que nas primeiras casas de candomblé no Brasil, homens eram proibidos de entrar no xiré (roda de dança para os orixás).

Ilê Axé Iya Nassô Oká / Terreiro da Casa Branca

No período da escravidão no Brasil, os negros formavam suas comunidades nos engenhos de cana. Na Bahia, princesas, na condição de escravas, vindas de Oyó e Keto , fundaram um centro num engenho de cana. Depois se agruparam na Barroquinha em Salvador, onde fundaram uma comunidade de Nagô , que segundo historiadores, remonta mais ou menos 300 anos de existência. Sabe-se que esta comunidade fora fundada por três negras africanas cujos nomes são: Adetá ou Iya Detá, Iya Kalá e Iya Nassô . Não se tem certeza de quem plantou o Axé , porém o Engenho Velho se chama Ilé Iya Nassô Oká . O Ilé Iya Nassô funcionava numa Roça na Barroquinha, dentro do perímetro urbano de Salvador. Os africanos que se encontravam alí, lugar deserto naquela época, porém próximo ao Palácio de sua Real Magestade tiveram receio da intervenção das autoridades no seu Culto, daí, Iya Nassô resolveu arrendar terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, no trecho chamado Joaquim dos Couros, lugar onde se encontra até hoje, estabelecendo aí o primeiro Terreiro de Culto Africano na Bahia.

Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o “culto de orixá”, já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.

Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos.Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma
aldeia, ou cidade; por exemplo: Xangô em Oyó, Oxum em Ijexá e assim por diante.

Outras casas tem referência histórica na Bahia a exemplo de: Terreiro do Gantois e oIlê Axé Opó Afonjá, este último fundado por Mãe Eugênia Anna dos Santos, em 1910, ambos intimamente vinculados ao Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho. Além destes, existem outros entre os quais, Zoogodô Bogum Malê Rundó(Terreiro do Bogum). Bate Folha, na Mata Escura.

VIVA OLORUM!



(Texto cedido colaborador J)


(
Texto cedido colaborador J)